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22 dezembro 2012

O Direito de Não Gostar

Antes de postar o Um Kg de Palavras, quero explicar o por que de ter escolhido esse texto. O Gabito sabe me matar em palavras e de uns tempos pra cá me tornei grande fã, admiradora e 'mãe, quero ser assim quando crescer!'. Já o li mais de sete vezes e até consegui decorar algumas partes, mas sempre me parece diferente quando o leio novamente. 
Eu já me apaixonei por uma possibilidade, já afundei meu ego por ela e só precisava de um Direito de Não Gostar para entender o por que desta não se concretizar. Pra mim, esse é aquele tipo de texto que se não te ajudou hoje, vai te ajudar amanhã, ou até nunca (tomara!), mas ele está na lista de 'textos que devemos ler para saber como encarar a vida'. Enfim, espero que gostem, assim como gosto dele. 
Bela


Olha, eu não gosto de você. Pare de me procurar ou tentar chamar minha atenção. Eu poderia dizer politicagens como “o problema sou eu” ou “nós podemos ser amigos, se você quiser” ou “não é nada pessoal”, mas eu estaria apenas vestindo uma luva de veludo para te empurrar pra longe de mim. Eu não posso ser rude, mas também não funcionou muito bem ser sutil. Eu não gostei de você, e é extremamente pessoal. Sai do meu pé. Pare de me ligar. Já faz cinco meses, caramba.


Eu sei que nós saímos duas ou três vezes, mas é o que as pessoas costumam fazer quando estão procurando alguém pra se enroscar no inverno que vem, ou para todos os frios que vierem. Só que não adianta me telefonar trinta vezes ou vociferar frases de parachoque na minha caixa postal, apenas não deu liga. Dois ou três encontros não querem dizer nada, não comprometem ninguém, a não ser que você more na Arábia Saudita ou coisa assim. A boa notícia (ou má, ainda não sei) é que moramos numa metrópole, cheia de gente diferente indo e vindo, ofertas, escolhas, opções, ninguém mais permanece com alguém se não for por amor, ou sei lá, por algo mais. Algo que não aconteceu pra nós, poxa.


Tudo bem, pode vir com aquela ladainha de que eu sou machista, ou inseguro, ou insensível, ou medroso, ou superficial, ou nhê-nhê-nhê, ou qualquer sub-condição onde se alocam os rapazes que não gostam de você, eu juro não dar bola, pode repassar à sua mãe, sua amiga de infância, suas colegas de boliche, seu ouvido interno, eu não ligo, apenas me deixe não gostar de você em paz, sem essa batelada de agressões agravantes.


Não tem por quê. Porque não, ora. Como eu vou saber? Não fique procurando rastros, cavoucando regras e clichês sociais, sugando minhas desculpas. Olha, eu tenho uma fila de culpas para alimentar, você não vai conseguir me deixar mal por não querer você. Claramente você tem um lado bom e generoso, traços encantadores, chafarizes de prazer debaixo do seu vestido, e outras coisas que eu não tive paciência de esperar pra ver, mas isso não quer dizer que outro cara não vá se agarrar a essas suas ótimas faces, se você der uma chance a ele, uma outra chance para você mesma, ao invés de perder seu tempo comigo a fim de endireitar o seu ego.


O ruim desse jogo é que ninguém sabe direito as regras, não há uma assembleia ou coisa parecida, onde os praticantes decidem o que pode e o que não pode antes de estar valendo. Eu posso pôr o braço sobre seu ombro no cinema e depois decidir que não gostei de você? Eu posso ter um estilo de vida parecido, gostar basicamente do mesmo tipo de passeios e canções, e mesmo assim rejeitar seus telefonemas? Quantos encontros são razoáveis para determinar se isso vai dar em algum lugar ou não? Talvez seja legal organizar uma confederação nacional das pessoas que estão procurando um relacionamento; e pagando mensalidades, receberíamos treinamento específico para saber como lidar. Como ficar. Como seguir em frente. Como esperar sentado por um telefonema. Como superar uma humilhação. Agora fiquei confuso, não é o que fazem as revistas?


Ei, só porque eu não gostei de você, isso não significa nada. A minha percepção não resume o que você representa para o resto das milhares de pessoas habilitadas para te querer. Pra ser sincero, eu tenho o gosto muito duvidoso, um pouco esquisito até, incompatível com sua normalidade, seu comportamento e modo padrão de se vestir e pentear o cabelo. Você é legal, como uma piada mal contada ou requintada demais, que vai ver eu só não estava muito disposto a entender ou dar risada. Mas não deu pra notar na minha cara séria que eu não estava achando graça? Vamos fazer o seguinte. Continue procurando. Sei que eu vou.


Gabito Nunes


Quer seu texto publicado aqui no blog? É só manda-lo por e-mail pra gente! contatouzara@hotmail.com


5 comentários:

  1. O Gabito é mesmo um lindo, né?
    Adoro o jeito que ele escreve e me inspiro muito nele quando tento escrever algo. Tem um texto dele, o meu preferido, que eu sempre choro. Sempre. É " O fim (do que não tinha fim)". Simplesmente perfeito!

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  2. Lindo? Lindo é pouco! Esse eu ainda não li, vou procura-lo agora! haha beijos,
    Bela

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  3. Procure mesmo, tenho certeza que você vai amar!

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  4. Acabei de ler e amei! Muito bem construído (que novidade haha! Está nos meus favoritos! Obrigada pela dica :)
    Bela

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