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16 dezembro 2012

No final o tema muda, mas a interlocutora nunca


A propósito: todo mundo gosta de uma rapidinha. Parece que não temos tempo e que seremos engolidos pela nossa cama ao se deitar para dormir, comemos tão rápido que quando vomitamos não acreditamos que aqueles arrozes e pedaços de macarrão estão tão inteirinhos, integrados, sem falar nos sentimentos que produzimos em velocidade recorde, as impressões que temos na primeira vez que conhecemos algo ou alguém, até mesmo na rapidez com que gostamos de generalizar apenas conjugando os verbos na primeira pessoa do plural mesmo só tendo uns cinco, seis amigos.

Reclamo do tempo o tempo todo pela falta dele, depois vou chorar pelo excesso. Pelo que poderia ter feito nas treze horas seguidas que fiquei diante do computador ou do livro de ficção da Jane Austen. E quem gosta de leseira, de tempo parado na aula de física, o livro cuspindo aquelas equações de Einstein e você com o pensamento direcionado para o dia de ontem desperdiçado e não vendo a hora de chegar em casa para almoçar em três garfadas aquele prato que dá quase umas setecentas gramas, de ler aqueles textos enormes no tumblr falando sobre a mesma merda de tempo que você já não tem mais de sobra, claro, adoramos - sou veloz no quesito generalização, na minha opinião generalizar espanta solidão, nunca estamos sozinhos quando queremos que os outros façam o mesmo que nós (até para explicar a generalização, eu generalizo, perceberam?) - nos fazer de vítima. Os dias passando, as horas arrastando-se diante de nossa volúpia, sim, elas são as antagonistas da nossa vida. 

Sou pressionado o tempo inteiro pelo meu próprio conhecimento que não cansa de implantar questionamentos e perguntas no meio de uma respiração lenta, como por exemplo, “a propósito, todo mundo gosta de uma rapidinha”, geralmente eles veem já conjugados (generalizados), mas eu sempre no final gosto de pensar apenas em mim, porque se formos ficar apenas com a mente nos outros acabamos nos arrependendo, e eu não tenho tempo pra isso, pra decepções, desperdícios e pra ficar à mercê das horas que teimam em curar apenas lentamente minhas feridas, então só eu sou rápido, só eu detesto a aula de física e só eu generalizo.

Você sentado ver o tempo passar, e eu passo, veloz. Você me perde, porque já cansei de esperar sua leseira acabar, você se levantar e começar a pensar nos outros (em mim, de preferência) e não apenas na sua própria existência tardia. Queria que você fosse tão rápido quanto eu, assim me acompanharia. Mas já é tarde demais para ilusões sobre o tempo, impiedoso, que não olha pra trás - lento ou rápido. 

Júnior Cunha

Júnior Cunha, cearense de 16 anos que a mais de um ano me deixa boba com seus textos. Quer ler mais textos do Cisco? Acompanhe-o em seu tubmlr: http://o-padre.tumblr.com/

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